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Mostrando postagens de 2015

Correntes

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Há algum tempo quero fazer o registro de uma história. Já se passou tanto tempo desde este evento e tantas coisas se somaram a ele que é difícil descrevê-lo de maneira simples. Repensei o que aconteceu em diversas perspectivas e sendo este um evento violento, me pergunto sempre quais fatores o acarretaram os murros que levei e o celular que perdi. Um amigo até fez desenho, enquanto ria de tudo. Acho que posso começar discutindo a questão da imagem, que me preocupa bastante. Agora são 19:47 e alguns minutos atrás eu fui no mercado comprar pão, na volta, já quase na frente de casa, olhei pra trás e um homem me perguntou: - Ei playboy, tem um cigarro ai? - Ah não, tenho não. - Nem R$2? - Ha, - um riso meu sem graça - também não. - Pow, quando eu tô usando os cara nunca tem dinheiro. Agora eu tô sofrendo aqui, toda hora só piscando – enquanto apontava para as pálpebras. Não sou muito vaidoso, mas me pergunto frequentemente quais signos, presentes na forma de

Núcleos de Estudantes de Direito

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Gosto de mexer em documentos antigos, principalmente naqueles que contam histórias relacionadas, de alguma forma, a minha vida e podem contribuir para conhecer erros passados. Foi vasculhando documentos públicos que encontrei dois livros reunindo artigos de alunos da Ufac publicados em jornais acreanos na década de 1990. Na semana passada, novamente encontrei documentos sobre algo que não sabia existir: os Núcleos de Estudantes de Direito . O que, de imediato, já me faz perguntar qual contexto levou à criação destes núcleos, mas vou guardar minhas hipóteses por serem bastante catastróficas. O achado reforça a minha concepção que é muito comum ideias manterem-se por um tempo com corpo e forma, mas pela natureza efêmera de tudo que caiam no esquecimento. Tanto que não tenho mais a pretensão de manter algo até o fim da minha vida, assim os outros projetos com os quais me envolvo devem se desfazer com o tempo. Como Saramago me disse n'A Caverna, "felizmente existem o

Por que educação jurídica?

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Embora haja isoladas ações dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário para informar os cidadãos brasileiros acerca da extensa legislação do país, ninguém pode alegar o desconhecimento da lei como forma de defesa. O desconhecimento da lei nos deixa igualmente vulneráveis aos abusos e omissões do próprio Estado, que a rigor deveria promover o amplo desenvolvimento humano. Como se não bastasse a ausência de programas educacionais, o mercado, sendo imperfeito como é, contribui pouco para o desenvolvimento da sociedade. O alto valor das mensalidade em instituições particulares para um curso como bacharelado em Direito, que não exige laboratórios com itens importados, é, via de regra, apenas mais uma oportunidade de lucro. Na nossa sociedade, aquele que, sozinho, tentar ler os códigos penal e civil enfrentará muitos problemas. A lei, por si, não é compreensível. Há a necessidade de comprar vários livros, chamados, no meio jurídico, de doutrinários, por mera consequência dessa

Aguardando

Ainda em 2014, quando cursava História do Direito, como trabalho da disciplina, visitei no dia 12 de agosto a Defensoria Pública Estadual (DPE), localizada na Rua Custódio Freire, nº 26 – Bosque. De maneira geral, o prédio transmitia uma imagem bem ruim. Antes mesmo de entrarmos fica claro que o atendimento deixa a desejar pela quantidade de pessoas no lado de fora. A área de atendimento comum tem espaços para sentar e é climatizada, indicando que se pretende oferecer alguma comodidade aos requerentes do Poder Público. Há algum espaço para crianças ficarem se distraindo. Além de café, pode-se conseguir um bom chá-de-cadeira. Neste contexto, me apresentei à Maria Elenise como estudante de Direito da Universidade Federal do Acre tentando conhecer a perspectiva do cidadão quando busca ter acesso aos serviços públicos ligados à justiça. Pedi autorização para acompanhar o atendimento. Dona Elenise me concedeu e assim prosseguimos. Ela se sentou na cadeira e foi atendida por uma estag

Como o prestígio, há a greve

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Se as universidades federais ainda são bem vistas pela comunidade, algo tão associado à imagem destas são as greves repetitivas noticiadas nos jornais. O público acredita que o pedido central se trata apenas de reajuste salarial, afinal, quais outros motivos levam trabalhadores a entrar em greve? Neste momento, em junho de 2015, grande parte dos servidores e professores das universidades públicas está em greve. A última vez aconteceu em 2012 e também fui afetado, mesmo sendo estudante do Ensino Médio em uma escola pública. Minha antiga escola, o Colégio de Aplicação , está ligado à Universidade Federal do Acre e por consequência, quando havia greve geral, minhas aulas normalmente eram paralisadas em conjunto. Fiquei bastante triste com a possibilidade de, em razão da greve, não estar preparado o suficiente para as provas do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) no final do ano de 2012. A verdade é que na época, vivíamos muitos problemas por falta do essencial, desde papel hig

DEAM

Desde iniciamos a escrita do projeto de extensão Educação e popularização do conhecimento jurídico , aprovado pela pró-reitoria de extensão da Universidade Federal do Acre, algumas oportunidades interessantes de aprendizagem têm surgido. Os problemas inerentes a estudar em uma universidade pública acabam te levando a enxergar e vivenciar situações bem específicas. Comumente discussões com colegas de outros períodos acabam sendo mais construtivas que muitas horas sentado na cadeira ouvindo os professores. Em razão dos objetivos do projeto e das nossas condições materiais, a equipe do projeto decidiu fazer uma visita à Delegacia Especial de Atendimento à Mulher, doravante DAEM.  Meu foco aqui é descrever este evento, , da minha perspectiva, afinal não tenho memórias de ter estado anteriormente em uma delegacia. Uma descrição destas pede que informe que por volta das 14:30h do dia 24 de junho parte da equipe do projeto de extensão chegou e entramos pela porta de vidro, de cara vê

Saco de pão

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Houve um tempo em que próximo ao Mercado Velho havia um sebo ao ar livre. Quando eu saia com os meus amigos à noite para ver o Rio Acre, acabávamos passando por lá e nos interessávamos inevitavelmente por vários títulos. Comprei muita coisa boa lá. Na compra, ganhávamos pacotes de pão para colocar os livros e neles normalmente vinha colado algo da literatura acreana. Como infelizmente são livros raros, com pequenas tiragens, eu nunca consegui vê-los.  Esse é um dos casos. Não lembro quais livros comprei, mas toda vez que leio esse diálogo riu um pouco. Portanto, deixo aqui uma daquelas crônicas do José Chalub Leite, chamada O bebê da Zezé do livro Tão Acre: o humor acreano de todos os tempos.

Matando carapanãs

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A quantidade diária de carapanãs que tenho matado está me assustando. Se não pudessem transmitir doenças eu ficaria mais tranquilo, mas, sempre que vejo, as carapanãs têm aquelas listras brancas no corpo. Essas listras brancas são as que caracterizam o Aedes aegypt . Na TV colocam essa característica como a marcante. Por algum motivo, as carapanãs comuns têm se tornado raras. Não vejo elas com tanta frequência como antes. Digo isso porque sempre que estapeio um mosquito, dou uma olhada nos restos da coisa morta. Talvez o gênero Aedes esteja interferindo de alguma maneira na vida das outras espécies. Sei que nem todos tem aquela raquete mata mosquitos com choque. Eu mesmo não tenho e fico parecendo uma barata tonta correndo atrás dos mosquitos no meu quarto e apesar de estar usando óleo de citronela, ainda encontro muitas rodando minhas pernas. Elas infelizmente parecem estar em todos os lugares. Quando vou arrumar meu quarto sempre encontro algumas rondando.

Eu, pirata

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Na segunda-feira acordei cheio de planos. Precisava renovar meu cartão de passe do ônibus e finalizar um artigo até o dia 23, mas assim que me levantei uma conceira no meu olho esquerdo começou. Meu dia inteiro foi gasto tentando aliviar a angústia de ter algo dentro do olho. Cocei, cocei e cocei. Fui no banheiro olhar no espelho. Lavei o olho. Procurei no Google o que fazer. Encontrei o tal cálice para os olhos e meu olho passou um bom tempo tomando banho. Nada resolveu. Isso dói. Dói! Pedi para mãe olhar. Quando peço algo pra ele é porque a situação tá feia. Aparentemente não tinha nada do meu olho. Precisava ir consultar um médico. Meu pai me levou à Pronto Clínica e eles só têm clínicos gerais, a única coisa que fariam seria uma lavagem. Fui no atendimento do plano de saúde e lá tentaram resolver ligando para os oftalmologistas da rede. Marcaram uma consulta para o final da tarde. Finalmente na clínica, quando abri a porta 203, logo notei a médica sentada no lado d

Pesquisa como um mecanismo social

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“A escola tem uma história documentada, geralmente escrita a partir do poder estatal, a qual destaca sua existência homogênea. Nesta interpretação, a escola é difusora de um sistema de valores universais ou dominantes que transmite sem modificação. [...] Coexiste, contudo, com esta história e existência documentada, outra história e existência, não documentada , através da qual a escola toma forma material, ganha vida.” (EZPELETA & ROCKWELL, p.12 a 13). Como dito, nem tudo da existência da escola é registrado formalmente e a estas informações dispersas em memórias, fotografias e escritos que a etnografia, neste caso, em especial, a pesquisa participante se volta. O livro Pesquisa Participante se propõe a realizar construções teóricas acerca da etnografia e da pesquisa participante, trazendo contrapontos, como a afirmação de alguns que a etnografia exige certa ateoricidade – estado sem teoria. Única edição do livro. Impresso em 1986. Tornar a pesquisa - e

Propostas de redação

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Me parece que um dos gêneros do discurso que mais gera polêmica é o texto dissertativo-argumentativo. Evidentemente isso se dá pela exigência comum de redação nos processos seletivos das universidades. Eu nunca tirei nota máxima num destes exames. Nem perto disso, sendo bem honesto. Ouço grande parte das pessoas dizendo que existe uma técnica precisa, mas, pra mim, nunca funcionou muito bem. Supostamente, este é um gênero que demonstra, da parte do autor, fluência na ação cidadã. Talvez por isso, associado a minha dificuldade, me interesso por ele. Eu e um amigo, que largou o curso buscando algo melhor, combinamos que eu elaboraria uma proposta de redação por semana - baseada no que leio, assisto em documentários e ouço em discussões. Curiosamente, no ano passado, eu ia passar dois documentários chamados “Criança, a alma do negócio” e “ A invenção da infância ”, mas acabei não passando por achar que ele estaria sobrecarregado. O tema da redação acabou sendo “Publ