Zona de conflito

Constantemente me vejo, talvez excessivamente, questionando o meu curso de graduação. Quase diariamente nas idas e vindas de ônibus penso sozinho ou converso prazerosamente com um amigo sobre nossas questões enquanto bacharelandos em Direito.

É algo que muito preocupa, afinal estamos falando da formação de alguns que serão responsáveis talvez pela administração de instituições públicas, extremamente importantes, ligadas à justiça intermediada pelo direito.

Felizmente não encontrei nenhum professor assim, mas ainda é comum ouvir que só aprenderemos algo com a prática. Ao que responderia com a indagação de Marcell Cunha Leitão: "[por que] deste ensino superior ministrado em instituições formais se ao final sua formação será idêntica à de rábulas"?

Ao meu ver, afirmar algo assim, como já ouvi de meus colegas, demonstra ignorância da relação prática-teoria, além de desconhecimento da finalidade das universidades.

Em Rio Branco existem instituições particulares que se intitulam universidade, apesar de não desepenharem atividades para tal título, assim como a UFAC pouco fazia anos atrás. Uma instituição que se dedica unicamente ao ensino e não se compromete com outra relação muito importante, a de ensino-pesquisa-extensão, não merece tal título. É simplesmente um conjunto de faculdades.

Sendo assim, é importante ter em vista que a Universidade não é espaço unicamente para transmissão de informações, mas de construção de conhecimento. Esse processo de engenhoso necessita de depate e do que eu particularmente temo, apesar de saber da importância: as zonas de conflito.

Nossa prof.a de Língua Portuguesa, Aline Suellen, se declarava uma apaixonada por zonas de conflito. Tenho colegas que adoram só ficar observando o fogo queimar. Honestamente eu não consigo.

Certamente lidar sabiamente com estas situações de atrito será um dos meus grandes desafios. Seja enquanto advogado ou professor, preciso desde já aprender a estar nesses momentos e pretendo registrá-los, quando possível e como, aqui no futuro.