ArqueoAcre
Ontem assisti a uma palestra sobre arqueologia na Biblioteca
da Floresta. Apesar dos atrasos, tratou-se de uma abordagem bem coerente com o
espaço: sucinta, elucidativa e relacionada com o contexto amazônico.
ArqueoAcre é o título presente na página do evento no Facebook e sintetiza o projeto de pesquisa e formação em sítios arqueológicos da
região, apoiado pelo Instituto do PatrimônioHistórico e Artístico Nacional (IPHAN), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Acre (UFAC).
Numa análise particular, tendo em vista o art. 207 da
Constituição Federal, o qual impõe o princípio de indissociabilidade entre
ensino-pesquisa-extensão às universidades, o projeto tem obtido muito sucesso. Além de buscar
formar arqueólogos acreanos, está construindo conhecimento regional e o melhor:
a equipe se preocupou com a extensão e tem levado grande parte das discussões à
comunidade.
Fotografias da visita da comunidade ao sítio arqueológico Sol de Campinas no município de Senador Guiomard. |
Pela fala do palestrante, o pesquisador Francisco Antonio Pugliese Junior, nota-se que, de fato, estão
tendo cuidados que levarão à construção de um conhecimento relevante. Especificamente
quanto à pesquisa, é notável que estão dando continuidade a um trabalho que já
havia sido iniciado quando buscam definir pontes entre os geoglifos e o sol de
campinas, conceituado como “montículos circularmente dispostos em torno de uma
praça central”. E pautar-se em publicações anteriores, coletar dados e buscar
descrever a realidade é uma forma da ciência.
Projeção 3D do mapeamento topográfico do sítio Sol de Campinas. |
Ao final, houve espaço para perguntas, mas só ontem de
madrugada comecei a realmente pensar sobre algumas questões metodológicas. Me
esqueci de perguntar sobre a forma de datação. Carbono 14 ou o quê? Espero que
eu não esteja me transformando num dos meus colegas chatos que nunca tem nada a
dizer e raramente se engaja pelo discurso.
Falando em engajamento, baseado na excitação que senti no ar, pelo o que notei, parte da equipe que participou do projeto estava presente e acho que houve um crescimento. É o que eu espero.
Uma questão metodológica que, pra mim, consiste basicamente
em molhar tudo, foi trazida pelo pesquisador ligado ao Laboratório de
Arqueologia dos Trópicos, Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de
São Paulo. O chamado peneiramento molhado, o qual permite encontrar
fragmentos encobertos por terra que se dissolve na água e permite alguns
achados.
Peneiramento molhado utilizando água dos açudes próximos ao sítio arqueológico. |
O palestrante trouxe um nome, pra mim, novo: laterita. Pelo o que ele disse, os responsáveis pelos montículos provavelmente arranjaram laterita de algum lugar para garantir a fixação dos montes. Pelas fotos que vi no Google, laterita parece o que chamamos de piçarra, aquela pedrinha vermelha dos ramais. Mas isso sou eu dizendo, não tenho conhecimento suficiente para afirmar com certeza.
Enfim, foi uma hora bem gasta.
Menina, se ainda assim, não se interessou. Te digo que o quase
doutor é um homem bonito. Perdeu.
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