Eu, pirata

Na segunda-feira acordei cheio de planos. Precisava renovar meu cartão de passe do ônibus e finalizar um artigo até o dia 23, mas assim que me levantei uma conceira no meu olho esquerdo começou. Meu dia inteiro foi gasto tentando aliviar a angústia de ter algo dentro do olho.

Cocei, cocei e cocei. Fui no banheiro olhar no espelho. Lavei o olho. Procurei no Google o que fazer. Encontrei o tal cálice para os olhos e meu olho passou um bom tempo tomando banho. Nada resolveu.

Isso dói. Dói!
Pedi para mãe olhar. Quando peço algo pra ele é porque a situação tá feia. Aparentemente não tinha nada do meu olho. Precisava ir consultar um médico. Meu pai me levou à Pronto Clínica e eles só têm clínicos gerais, a única coisa que fariam seria uma lavagem. Fui no atendimento do plano de saúde e lá tentaram resolver ligando para os oftalmologistas da rede.

Marcaram uma consulta para o final da tarde. Finalmente na clínica, quando abri a porta 203, logo notei a médica sentada no lado direito e gostei da iluminação do ambiente. Sem excesso de luz. Entrei, acompanhado do meu pai. Falei o que tinha acontecido e mencionei a possibilidade de algo ter caído algo de cima do forro da casa dentro do meu olho. 

Além do lenço de bolso do meu para controlar o rio de lágrimas eu ainda estava com uma toalhinha secando a coriza do nariz. Totalmente lascado e lambuzento. 

Toalhinha que a minha mãe bordou quando eu estava no Ensino Fundamental.
Lenço de bolso do meu pai na esquerda. Ele sempre tem um.

Ela pediu que eu sentasse numa cadeira afim analisar melhor o meu olho esquerdo.

Usou dois aparelhos: uma espécie de lupa e outro com para medir a pressão. Com o que estou chamando de lupa, se focou apenas no olho esquerdo, com o outro foi direto no direito. Eu ia dizer que ela estava no olho errado, então ela disse: 
- Opa, não é esse o aparelho que eu quero. Tenho que medir a pressão.

Foi no canto da sala e pegou outro. Focou no olho direito, então eu disse:
- Tá no olho esquerdo. É o outro.
- Eu sei, mas eu quero medir a pressão. Tenho que medir a dos dois.

Já depois, de volta à mesa:
- É não tem nada no seu olho. Se tinha já saiu.
- Então, a Sr.ª acha que não tem nada mesmo?
- Não, querido. Se tivesse eu com certeza teria visto.

Infelizmente não consegui reproduzir apropriadamente neste texto os tons de voz com fidelidade.

Houve a consulta, apesar de não me sentir bem atendido, o problema foi resolvido. Ela receitou uma pomada e disse para colocar um curativo sobre o olho esquerdo para evitar a luz e maiores irritações.

Eu, pirata. Achei que seria um ótimo momento para me filiar ao Partido Pirata.
Ela disse para comprar esparadrapo. Não sei vocês, mas eu tenho sobrancelhas e gosto delas. Meu pai, ex agente de saúde e com certo conhecimento empírico, lembrou sem e eu nem mencionar da tal fita cirurgia que não arranca os pelos do corpo, mas gruda na pele. 

Eu realmente não me lembro qual foi a última vez que precisei de um médico e me senti bem atendido. Quando estou doente ou precisando consultar alguém que possa me ajudar, sempre esbarro com gente presunçosa. Da última vez que peguei dengue, ou outra virose qualquer, foi a mesma coisa.

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